Durval Discos (Brasil, 2002)

Longa de estreia da diretora, roteirista e crítica de cinema Anna Muylaert, pode-se dizer que Durval Discos são dois filmes distintos
Durval é proprietário de uma loja musical dedicada à discos de vinil e passa seus dias a espera de clientes. Sua loja é localizada no andar térreo do prédio onde mora com sua mãe, Carmita (Etty Fraser) no bairro paulistano de Pinheiros. Por trabalhar apenas com vinil, a loja de Durval não apresenta grande intensidade de movimento, fato que o frustra bastante e para alguns possíveis fregueses que insistem em adentrar procurando por CDs, ele dispara: "O nome da loja é Durval Discos - só trabalho com vinil, pô".
Percebendo que sua mãe começa a dar sinais de senilidade, Durval propõe a ela a contratação de uma empregada, porém o salário que Carmita decide que podem pagar é completamente fora da realidade de mercado, o que os faz dispensarem algumas pretendentes ao cargo até que Célia (Letícia Sabatella) responde ao anúncio. Célia é bonita, atraente e desperta olhares de Durval e ciúmes de Carmita, que tangem do filho à vassoura que ela usa, porém se mostra eficiente e parece não dar muita importância ao salário oferecido, fato que acaba por conquistá-los. Ao final do primeiro dia de trabalho, Célia informa a Durval que precisa resolver assuntos pendentes, mas retornará para preparar-lhes o café da manhã. Quando na manhã seguinte não encontram nem o café nem Célia, Durval e Carmita decidem investigar e encontram no quarto da empregada, uma garota de 5 anos, Kiki (Isabela Guasco) - que acredita estar visitando o haras de um parente. A garota, num primeiro momento desperta ciúmes em Durval pois Carmita dedica-lhe atenção e atende a todos os seus mimos, coisa que há muito faz por ele.
Certa noite assistindo ao telejornal local, descobrem que Kiki Botelho é a filha de uma empresária que fora seqüestrada há alguns dias e Célia, a única integrante da quadrilha que conhecia o local do cativeiro da menina, fora morta numa troca de tiros com a polícia. A partir desse ponto, o filme que se desenhava como um drama cotidiano com acentos cômicos, adquire contornos surrealistas insanos com pitadas de humor negro e aura de filme policial culminando num desfecho tétrico.
A aparição do jornalista e apresentador Heródoto Barbeiro (TV Cultura), marca o ponto de mudança na tônica do filme, e as referências visuais da segunda metade da trama, como a cena
Como em um disco de vinil, o filme de Anna Muylaert tem um lado A e um lado B, e estes não parecem conter músicas de um mesmo artista.
daniel ozzkeith grizza – virando o disco
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