domingo, agosto 12, 2007

Durval Discos (Brasil, 2002)


Longa de estreia da diretora, roteirista e crítica de cinema Anna Muylaert, pode-se dizer que Durval Discos são dois filmes distintos em um. Oriunda da televisão, com grande experiência em programas com apelo aos públicos infantil e jovem, Anna, colaboradora esporádica do cinema da retomada, emprega em seu filme algumas referencias de seus trabalhos anteriores. O protagonista Durval (Ary França), por exemplo, já havia trabalhado com a diretora no infanto-juvenil “Disney Club”, cria dela. Mas é inegável que o ponto alto do filme é sua trilha sonora. Com produção musical de Pena Schmidt, o filme traça um panorama da MPB dos anos 70 com sabor de Long Play.

Durval é proprietário de uma loja musical dedicada à discos de vinil e passa seus dias a espera de clientes. Sua loja é localizada no andar térreo do prédio onde mora com sua mãe, Carmita (Etty Fraser) no bairro paulistano de Pinheiros. Por trabalhar apenas com vinil, a loja de Durval não apresenta grande intensidade de movimento, fato que o frustra bastante e para alguns possíveis fregueses que insistem em adentrar procurando por CDs, ele dispara: "O nome da loja é Durval Discos - só trabalho com vinil, pô".

Percebendo que sua mãe começa a dar sinais de senilidade, Durval propõe a ela a contratação de uma empregada, porém o salário que Carmita decide que podem pagar é completamente fora da realidade de mercado, o que os faz dispensarem algumas pretendentes ao cargo até que Célia (Letícia Sabatella) responde ao anúncio. Célia é bonita, atraente e desperta olhares de Durval e ciúmes de Carmita, que tangem do filho à vassoura que ela usa, porém se mostra eficiente e parece não dar muita importância ao salário oferecido, fato que acaba por conquistá-los. Ao final do primeiro dia de trabalho, Célia informa a Durval que precisa resolver assuntos pendentes, mas retornará para preparar-lhes o café da manhã. Quando na manhã seguinte não encontram nem o café nem Célia, Durval e Carmita decidem investigar e encontram no quarto da empregada, uma garota de 5 anos, Kiki (Isabela Guasco) - que acredita estar visitando o haras de um parente. A garota, num primeiro momento desperta ciúmes em Durval pois Carmita dedica-lhe atenção e atende a todos os seus mimos, coisa que há muito faz por ele.

Certa noite assistindo ao telejornal local, descobrem que Kiki Botelho é a filha de uma empresária que fora seqüestrada há alguns dias e Célia, a única integrante da quadrilha que conhecia o local do cativeiro da menina, fora morta numa troca de tiros com a polícia. A partir desse ponto, o filme que se desenhava como um drama cotidiano com acentos cômicos, adquire contornos surrealistas insanos com pitadas de humor negro e aura de filme policial culminando num desfecho tétrico.

A aparição do jornalista e apresentador Heródoto Barbeiro (TV Cultura), marca o ponto de mudança na tônica do filme, e as referências visuais da segunda metade da trama, como a cena em que Kiki aparece montada em um cavalo dentro do quarto de Carmita pintando as paredes com sangue, remetem ao surrealismo proposto por David Linch em seus filmes.

Como em um disco de vinil, o filme de Anna Muylaert tem um lado A e um lado B, e estes não parecem conter músicas de um mesmo artista.

daniel ozzkeith grizza – virando o disco

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1 Comments:

At terça-feira, 22 dezembro, 2009, Anonymous Anônimo said...

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